Na semana passada falamos um pouco sobre a situação da falta de segurança que se espalhou pelo país e o reflexo desta no jogo político para 2018. Essa semana saiu a pesquisa que colocou Lula e Bolsonaro num hipotético 2º turno. Um colunista do jornal O Globo alertou que os partidos têm que ficar atentos ao fenômeno Bolsonaro que está aí e parece que é pra ficar.
Confesso que a pesquisa não me inspirou confiança e que não sei se as coisas caminham para um fortalecimento tão grande de Lula e de Bolsonaro a este ponto. Daqui até as eleições muitas coisas estão ainda para acontecer, mas o cenário começa a ser montado para a corrida eleitoral.
Essa semana, também, Ciro Gomes foi apresentado como quem sairá candidato pelo PDT no ano que vem e ele já fez suas ameaças, como de costume. Ciro, embora tenha muito mais esclarecimento e articulação de ideias, sofre do mesmo problema da truculência que Bolsonaro, mesmo um sendo à esquerda e outro à direita. Creio que nenhum dos dois chegará à presidência.
Pelo lado tucano a pesquisa não trouxe cenário com João Dória, o que pra mim é um erro. Sabemos que ele está no grupo de Alckmin e que deveria ser seu principal cabo eleitoral do mesmo, mas o caminhar da coisa está se apresentando para que ocorra o inverso. Alckmin desapareceu das mídias e as campanhas de Lula e Bolsonaro estão a todo vapor, estão em tudo quanto é lugar o tempo todo. Dória, pelos tucanos, seria o candidato com maior carisma e populismo, que, a meu ver, poderia arrebanhar mais votos.
Outro dos pré-candidatos tucanos seria José Serra. Naturalmente ele já não conta com muita popularidade, ainda mais fazendo parte do atual governo que está com problemas gigantescos a se resolverem. Sobre o atual governo, o líder dele no Congresso, Romero Jucá, apresentou essa semana uma proposta completamente indecente de blindar aqueles que estão na linha sucessória da presidência, ou seja, os presidentes da Câmara e do Senado só poderiam ser investigados por crimes cometidos durante o mandato.
Chega a ser absurdo e me surpreender, talvez pela minha ingenuidade, essa proposta de Jucá. Enquanto a população está ansiosa pelo fim do foro privilegiado, o senador, líder do governo, apresenta uma proposta descabida desta. O Congresso segue legislando em causa própria, olhando apenas para o seu umbigo.
Le Pen (líder do partido de extrema direita na França) foi descoberta nomeando funcionários fantasma e terá parte do seu salário retido para devolver aos cofres públicos a quantia desviada. Enquanto que aqui no Brasil políticos continuam a criar mecanismos absurdos para se autodefender e quando são pegos continuam com o dinheiro roubado. Isso fica claro com o caso do Rio de Janeiro, era só Cabral e Eike devolverem o dinheiro desviado que a CEDAE não precisaria ser vendida. Mas... Cada um cuidando de si e arrebentando o Brasil por todos.
Publicado na coluna Resenha de Domingo no site Cultura Plural
19/02/2017