domingo, 19 de fevereiro de 2017

Cada um cuidando de si e arrebentando o Brasil por todos

Na semana passada falamos um pouco sobre a situação da falta de segurança que se espalhou pelo país e o reflexo desta no jogo político para 2018. Essa semana saiu a pesquisa que colocou Lula e Bolsonaro num hipotético 2º turno. Um colunista do jornal O Globo alertou que os partidos têm que ficar atentos ao fenômeno Bolsonaro que está aí e parece que é pra ficar.

Confesso que a pesquisa não me inspirou confiança e que não sei se as coisas caminham para um fortalecimento tão grande de Lula e de Bolsonaro a este ponto. Daqui até as eleições muitas coisas estão ainda para acontecer, mas o cenário começa a ser montado para a corrida eleitoral.
Essa semana, também, Ciro Gomes foi apresentado como quem sairá candidato pelo PDT no ano que vem e ele já fez suas ameaças, como de costume. Ciro, embora tenha muito mais esclarecimento e articulação de ideias, sofre do mesmo problema da truculência que Bolsonaro, mesmo um sendo à esquerda e outro à direita. Creio que nenhum dos dois chegará à presidência.
Pelo lado tucano a pesquisa não trouxe cenário com João Dória, o que pra mim é um erro. Sabemos que ele está no grupo de Alckmin e que deveria ser seu principal cabo eleitoral do mesmo, mas o caminhar da coisa está se apresentando para que ocorra o inverso. Alckmin desapareceu das mídias e as campanhas de Lula e Bolsonaro estão a todo vapor, estão em tudo quanto é lugar o tempo todo. Dória, pelos tucanos, seria o candidato com maior carisma e populismo, que, a meu ver, poderia arrebanhar mais votos.
Outro dos pré-candidatos tucanos seria José Serra. Naturalmente ele já não conta com muita popularidade, ainda mais fazendo parte do atual governo que está com problemas gigantescos a se resolverem. Sobre o atual governo, o líder dele no Congresso, Romero Jucá, apresentou essa semana uma proposta completamente indecente de blindar aqueles que estão na linha sucessória da presidência, ou seja, os presidentes da Câmara e do Senado só poderiam ser investigados por crimes cometidos durante o mandato.
Chega a ser absurdo e me surpreender, talvez pela minha ingenuidade, essa proposta de Jucá. Enquanto a população está ansiosa pelo fim do foro privilegiado, o senador, líder do governo, apresenta uma proposta descabida desta. O Congresso segue legislando em causa própria, olhando apenas para o seu umbigo.
Le Pen (líder do partido de extrema direita na França) foi descoberta nomeando funcionários fantasma e terá parte do seu salário retido para devolver aos cofres públicos a quantia desviada. Enquanto que aqui no Brasil políticos continuam a criar mecanismos absurdos para se autodefender e quando são pegos continuam com o dinheiro roubado. Isso fica claro com o caso do Rio de Janeiro, era só Cabral e Eike devolverem o dinheiro desviado que a CEDAE não precisaria ser vendida. Mas... Cada um cuidando de si e arrebentando o Brasil por todos. 

Publicado na coluna Resenha de Domingo no site Cultura Plural
19/02/2017

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O Brasil hoje e a visão para 2018

A situação no Espírito Santo segue delicada e o medo toma conta das ruas, pelo menos é isso que a mídia mostra. No Rio de Janeiro durante as primeiras horas de sexta também houve apreensão sobre a possível paralisação da PM fluminense.
Enquanto acompanhava a minha mãe na espera por atendimento médico numa clínica de Ponta Grossa, o jornal Bom Dia Brasil insistentemente passava que os PMs do Rio estavam trabalhando normalmente. É interessante como que a imagem do medo se propaga com uma velocidade incrível.
Vivemos atualmente numa sociedade que não inspira segurança, moramos em Ponta Grossa e percebemos que a violência e a falta de respeito à propriedade, não por uma questão ideológica, e ao sujeito aumentam a cada dia. Qual é a lógica em que vivemos?
Frente a toda essa insegurança parece que as falas do Bolsonaro ganham ainda mais efeito, a truculência vai ganhando silhueta de segurança e a população parece se encaminhar a aceitar governos autoritários em busca de que a vida cotidiana possa ter a paz que hoje se apresenta como nostálgica.
É interessante pensar no futuro político do Brasil. Será que realmente Bolsonaro se fortalece para 2018? Ele perdeu as eleições para a presidência da Câmara Federal de maneira vexatória. Mas esse evento é passível de reflexões importantes sobre a figura do deputado carioca.
Em primeiro lugar creio que devemos notar que esta perda apenas fortalece o seu discurso amplamente moralista. Afinal, ele foi eleito pelo povo e não tem os votos dos políticos corruptos, mantendo assim a imagem que parece está sendo construída de o único, ou um dos únicos, políticos livres do mal da corrupção.
Outro fator interessante é ele ter tomado a atitude de se candidatar sem dialogar com o PSC, seu atual partido, deste modo não obtendo os votos nem mesmo dos próprios correligionários. É outro traço que vem se confirmando na imagem de Bolsonaro, suas atitudes personalistas.
Alguns afirmam que ele seria o Trump brasileiro, creio que não. Embora ambos ganhem espaço levantando discussões que estão no cotidiano dos cidadãos de seus respectivos países, Trump tem mais bagagem na questão administrativa, além de ter a base de um partido forte que o apoia, não completamente, mas o apoia e o possibilita governar.
Já Bolsonaro não tem nem essa experiência, nem mesmo partido forte na Câmara e Senado. Creio, na verdade, que se ele chegar a ganhar será parecido com Jânio Quadros na década de 1960. Continuará com os apelos moralistas e com a falta de diálogo com a classe política, deste modo, seguindo uma linha coerente, mas impossibilitando que seu governo flua. Desta maneira, creio que só lhe restará três opções: renúncia; impedimento arquitetado pelo congresso; ou um governo através de decretos.
Mas esse problema não é apenas do candidato à direita, Ciro Gomes é outro político que tem dificuldades sabidas em seus relacionamentos por ser bastante intransigente com suas ideias, o que, consequentemente, lhe geraria dificuldades de governar o país. O que lhe diferencia de Bolsonaro é o apelo populista e também que as ideias da direita estão em alta enquanto a esquerda segue decaindo na opinião pública geral.
Dória, prefeito de São Paulo, parece ser um dos principais nomes se despontando como candidato à presidência em 2018. Mesmo, a meu ver, o favoritismo pesando para Alckmin, creio que se Dória, continuar assim, conseguirá conjugar tanto as ideias de direita que tem crescido, quanto o apelo moralista anticorrupção por não ser político de profissão, e também a articulação política por fazer parte de um partido maior, fora a experiência da administração pública, na prefeitura da maior cidade do país, e seu sucesso na iniciativa privada que pode lhe pesar devido à, tão falada, crise econômica.
O Brasil segue em construção e as crises são as melhores oportunidades de reflexão e mudança. Espero que consigamos aproveitar esse período difícil que estamos passando para perceber que os maiores problemas nacionais não estão nos indivíduos, somente, mas também na organização da cultura política do Brasil, assim bem como na estrutura do Estado. 
Publicado na Coluna Resenha de Domingo do site Cultura Plural, 14/02/2017. 
http://www.culturaplural.com.br/o-brasil-hoje-e-a-visao-para-2018-1#.WKWCntylzIU

domingo, 11 de dezembro de 2016

Política nas mãos de poucos

Enquanto o comando do Brasil estiver completamente centralizado a corrupção continuará fácil

Renan Calheiros simplesmente segue na presidência do Senado Federal, sem nem mesmo assinar documento enviado pela Justiça. Aqui em Ponta Grossa o caixa eletrônico que fica dentro do fórum foi explodido por bandidos. A sociedade brasileira segue rindo, gargalhando na cara da Justiça.
Apelo moral não é o suficiente para uma transformação consistente no Brasil. A moralidade e seu discurso habitam as falas políticas há muitos anos, desde a colonização portuguesa. Pero Vaz de Caminha não se espantou com a nudez dos autóctones? Os jesuítas não vieram educar os índios?
A limpeza na classe dos representantes do povo é necessária, mas não é só nela. O Judiciário a cada dia mais dá provas de que tem se comprometido com a corrupção endêmica que há anos está estampada nos outros dois poderes. Mas essa limpeza não será feita através de discursos morais, não mesmo, até porque já estamos cheios deles e muito pouco tem sido diferente.
O Brasil precisa para ontem de uma renovação política, precisamos retirar essas pessoas que há tantos anos estão exercendo poder sobre a nação e não cumprem com a sua função efetivamente de zelar pela coisa pública. Não vou aqui dizer que eles não representam a população brasileira porque acredito que representam sim a sociedade corrupta e hipócrita em que vivemos.
Uma das medidas que poderiam entrar na reforma política é limitar o número de reeleições consecutivas também para as casas legislativas. Não é o ideal no meu ponto de vista, quem tem feito um bom trabalho representando o povo e suas aspirações deveriam permanecer enquanto bem servir, entretanto as eleições brasileiras fedem a farsa e a compra de votos. Não é possível compreender como ninguém fala bem do Renan, assim bem como de tantos outros políticos, e são comprovadas acusações contras eles e mesmo assim eles seguem no poder, sendo reeleitos com um número de votos que espanta.
A tão comentada Reforma Política deveria ser primeiramente uma reforma educacional, aonde as pessoas compreende-se como funciona a máquina pública, assim bem como as funções do legislativo, judiciário e executivo, para que assim pudessem decidir sobre seus representantes de maneira consciente. Não adianta mudar a legislação e manter o poder centralizado nas mãos dos mesmos.
Sobre a centralização do poder, este é outro ponto importante que deveria ser debatido. Enquanto o comando do Brasil estiver completamente centralizado em Brasília a corrupção continuará fácil de ser praticada. Precisamos para ontem repensar esse nosso modelo de "federação" que passa longe de Federação. Os estados devem ter a sua margem de autonomia para que, deste modo, até mesmo a fiscalização possa ocorrer de maneira mais eficiente.
Enquanto o Brasil continuar marchando nesse rumo de uma centralização excessiva, permitirá que os mesmos poucos continuem no poder e as mudanças que a sociedade almeja não sejam realizadas. 

Texto Publicado em 11/12/2016 no na Coluna "Resenha de Domingo": http://www.culturaplural.com.br/politica-nas-maos-de-poucos/view_vkNoticia#.WE3f1NylzIU

domingo, 4 de dezembro de 2016

Que semana!

No texto dessa semana quero começar falando de um evento ocorrido na semana passada, mas a coluna já estava pronta não deu para incluir como assunto: Fidel morreu.
Não me lembro de muitas, mas ao menos uma comparação eu li sobre a morte de Fidel e o avanço do conservadorismo. Enquanto Trump vence nos Estados Unidos, o maior símbolo socialista ainda vivo na América falece no Caribe. Nas redes sociais muitas pessoas se colocaram a favor do governo que o barbudo exerceu sobre a ilha, exaltando seus projetos na saúde e educação, principalmente. Entretanto muitos outros, de certa, forma comemoraram a sua morte trazendo à tona as atrocidades e o caráter ditatorial exercido pelo chefe cubano.
Não creio que comemorar seja ideal, muito menos humano. E esse é o problema que vivemos hoje na nossa sociedade, infelizmente perdemos a nossa humanidade, a capacidade de se compadecer por pessoas que diferem de nós.
Falando em compadecimento, tivemos ainda essa semana o desastre com o voo da Chapecoense que comoveu o Brasil e demais países também. Ver o adversário ceder o título de um campeonato internacional e clubes se mobilizando para ajudar o time catarinense mostra a cumplicidade que o esporte deve propiciar. Entretanto é do esporte também o posicionamento negativo tomado por um dos dirigentes colorado ao lamentar o acidente não pelas perdas humanas, mas pelo calendário de jogos e a luta contra o rebaixamento do time gaúcho.
Nessa mesma noite não lamentamos apenas as mortes da Chape, mas vimos o tamanho do descrédito que o nosso congresso está atraindo para si ao votar praticamente às escondidas um pacote que vem sendo discutido por toda a sociedade.
Confesso que a política nacional tem me deixado meio temeroso, pois estamos a cada dia mais vivenciando a morte moral das instituições que deveriam nos governar e inspirar confiança, mas o que temos acompanhado é a cada notícia a perda da confiança nos pilares da democracia representativa.
Vivemos uma crise política e precisamos urgentemente de uma reforma política, mas quem a fará? Quem está se aproveitando do caos no qual construímos? Necessitamos urgente de medidas que possibilitem a reorganização do país. Talvez uma assembleia sem reeleições, ou uma assembleia provisória para votação de pacotes como estes votados essa semana sem que estes deputados possam se recandidatar. Não sei como, mas precisamos nos mover para uma reorganização nacional.

Texto Publicado em -4/12/2016 no na Coluna "Resenha de Domingo": http://www.culturaplural.com.br/que-semana/view_vkNoticia#.WESkHdylzIU

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Incertezas

Estamos chegando ao final de mais uma temporada no futebol brasileiro. Ao que tudo indica, depois de uma vitória considerável, o Grêmio será o campeão da Copa do Brasil, Palmeiras conseguiu o seu título e as esperanças do Inter estão a cada rodada se esvaindo exponencialmente. No futebol as coisas parecem se encaminhar, não aparentando muitas novidades até o final dos campeonatos.
Entretanto na política presenciamos um quadro de incertezas na esfera nacional. O governo do atual presidente começou sob muitos protestos e alguns apoios. Certo era que a maioria da população estava contra o PT e a prova veio com as eleições deste ano.
Após os protestos contra a extinção do MinC o governo voltou atrás e resolveu manter a pasta sob status de ministério. Agora o ministério volta a ser alvo de problemas. O ministro Geddel acabou por pedir demissão devido ao desgaste sofrido frente às acusações referentes a tráfico de influência. O governo lamentou a perda de "um político experiente".
A mídia noticiou que na sexta, 25/11, o PSOL anunciou que protocolará amanhã, 28/11, pedido de impedimento do presidente Michel Temer por utilizar a presidência da República para assuntos particulares.
O Palácio do Planalto tem a maioria no congresso e o presidente da Câmara Federal é seu aliado, não creio que o processo irá à frente já que precisa do aval de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Mesmo assim creio que esta sequência de fatos permitirá que percebamos qual é a força do governo. Muitas medidas propostas pelo executivo têm exaltado os ânimos dos opositores do governo, mas não tínhamos ainda nada que levasse a um pedido de impedimento, sobressaltando a questão moral da presidência.
Dilma caiu sob um forte discurso de moralidade na política, as pessoas mostraram-se cansadas de corrupção. Temer assumiu e será que tudo isso mudou? O presidente tem conseguido a governabilidade através de negociações com a sua base, mas até que ponto essas negociações tem sido morais? O certo é que ele tem governado tentando conciliações como é característico do PMDB.
Será que com essa acusação o governo se enfraquecerá? Creio que não. Mas não deixa de ser uma oportunidade de medir a temperatura da credibilidade de Temer frente à população brasileira e a sociedade organizada.
Falando em credibilidade, o senador Cristóvam Buarque afirmou em vídeo postado em sua página do Facebook que este governo tem que conquistar a maior credibilidade possível e por isso Temer não pode, mesmo mantendo relações pessoais, manter ministro e pessoas que tirem ou coloquem em risco esse aspecto do governo.
O futebol parece que se encerrará sem grandes surpresas, mas e a política? Como seguirá?!

Texto Publicado em 28/11/2016 no na Coluna "Resenha de Domingo":http://www.culturaplural.com.br/incertezas/view_vkNoticia#.WDxbcLIrLIU

domingo, 20 de novembro de 2016

Desconstrua, reconstrua!

Há muito escuto que precisamos inventar novas formas de fazer política, novos modos de discutir e fazer com que o diálogo seja realmente a chave-mestra de uma democracia madura. Infelizmente, já ouvi muito, mas tenho visto muito pouco.
O Brasil mudou seu jeito de jogar, voltamos a vencer e vi no Facebook muitas pessoas novamente se orgulhando da seleção brasileira, coisa que não acontecia há algum tempo.
Será que é tão difícil deletar e reestruturar o nosso pensamento e as nossas ações?! 
Foucault leva ao extremo a ideia de desconstrução nos colocando em um relativismo profundo. Não creio que esta seja a melhor solução, precisamos de fé e de bases sim, mas isto não pode ser dogmático. É preciso que cotidianamente reflitamos sobre nossas posições e nos coloquemos firmes, mas abertos ao diálogo.
Uma dos vícios mais fortes no nosso pensamento ao discutir política é dicotomizar e empobrecer o debate dividindo tudo entre direita e esquerda. Não creio que estas terminologias sirvam hoje, afinal não estamos mais na Revolução Francesa. 
Mas para que estas denominações rasas encerrem suas atividades precisamos compreender mais, estudar mais, conversar mais. Vivemos rodeados num mundo aonde o preconceito é um dos assuntos mais trabalhados e falados, mas nossos preconceitos políticos são tão grandes quanto os sociais, de gênero, raça, cor e assim por diante. 
Queremos falar de pensamentos pluralistas e respeito às diferenças, mas nunca paramos para ouvir aquele que está nos contrapondo, preferimos o conforto de apenas dialogar com aqueles que pensam como nós. E aqui eu quis falar de diálogo e não essas guerras verbais que, não raras vezes, descem o nível entre lados opostos que em nada acrescentam ao debate das ideias e das direções a serem tomadas na nossa sociedade.
Muitas vezes criticamos Trump a respeito de muros, mas nossa hipocrisia não nos permite enxergar que nos fechamos nos construídos por nós mesmos, perdemos a força para votar contrário à medida que não concordamos e simplesmente aceitamos com medo das retaliações que vem em forma, na maioria das vezes, de assédio moral. 
Não conseguiremos avançar em nossos debates para a construção de uma sociedade respeitável e uma democracia madura enquanto estivermos fechamos em nossos mundos, atrás de nossos muros de proteção, longe do diálogo e de buscar entender a lógica de pensamento do adversário político. 
A política tem jeito, ela é apenas reflexo da vivência cotidiana de todos os cidadãos, ela reflete a sociedade. Quando pararmos de agir como sábios e vanguardas e aprendermos a dialogar buscando compreender o outro e não simplesmente ser compreendido, aí teremos uma sociedade que crescerá em níveis exponenciais em todos os indicadores e teremos uma vida pública sadia, enfim.

Texto Publicado em 13/11/2016 no na Coluna "Resenha de Domingo":http://www.culturaplural.com.br/desconstrua-reconstrua#.WDHZmNylzIU

Reinventar!

Enfim, prefeitos e vereadores eleitos. 
Uma das eleições que mais repercutiu nas redes sociais foi a da cidade do Rio de Janeiro. Eu, por ser carioca, tenho um olhar todo especial para a política na cidade maravilhosa. O que mais me chamou a atenção nessa eleição foi a força que Marcelo Freixo ganhou na esquerda nacional. Vi muitas pessoas dizendo que gostariam de votar no Rio de Janeiro para poder depositar seu voto no 50. 
Essa semana também começou um debate na Câmara de Vereadores desta mesma cidade sobre salários vitalícios para vereadores que fossem funcionários públicos e tivessem exercido três mandatos consecutivos ou quantro alternados. O que, confesso, me surpreendeu foi a bancada do PSOL apoiar este projeto. Não sei até que ponto eles creem que isso ajudaria (porque já foi retirado) a população mais carente, até que ponto esse tipo de proposta ajudará a descentralizar e socializar capital e oportunidades. 
Infelizmente venho há tempos criticando a esquerda em textos, postagens e conversas informais por simplesmente agir em discursos, por ser formada, em sua maioria, por universitários, professores, profissionais liberais, ou seja, classe média, a mesma classe média que Marilena Chauí odeia. É importante ter a consciência mesmo não sendo das classes mais baixas da sociedade e lutar por melhorias de vida dessas pessoas, mas infelizmente pouco tem se feito e muito tem se falado quanto à população carente.
As pessoas precisam muitas vezes de ajudas simples, não de uma revolução, mas de alguém que lute por elas de fato, conhecendo suas necessidades e frequentando os mesmos lugares e não fazendo morando e discursando do Leblon. Enquanto houver esse paternalismo e vanguarda, seja qual for a posição política, a população continuará sentindo-se apenas uma mera plateia desse jogo político. 
O Rio de Janeiro é apenas um exemplo daquilo que vem acontecendo, de maneira bem geral. A intelectualidade tem se fechado em seus salários altos, lutas por cargos públicos e a segurança do emprego público; estudantes se formam à custa da população e retornam muito pouco desse investimento para a sociedade que os têm financiado. Não creem em meritocracia mais defende os benefícios que detêm das mesmas. 
É um pouco paradoxal determinadas posições.  
Quando será que entenderemos de uma vez que aquilo que é público não é gratuito?! Era para ser uma percepção simples, mas infelizmente não o é. 
Tem se falado muito em reinvenção da esquerda, mas, sinceramente, o que eu gostaria de ver, e participar, é a reinvenção de termos que datam da Revolução Francesa e servem apenas para criar preconceitos e rixas tolas que em nada auxiliam a população. Quando será que o povo será mais que a cadeira e as negociações políticas?! 
Mas não podemos nos enganar, a política é reflexo do cotidiano mais comum, entranhado no lugarejo mais simples, das pessoas menos influentes. Não podemos simplesmente continuar com vitimismos e choros de todos os lados, como se todos tivessem culpa de tudo que há de errado e apenas nós estamos certos e somos bons (as) moços (as). 
Nós somos os políticos que nos representam!

Texto Publicado em 06/11/2016 no na Coluna "Resenha de Domingo":http://www.culturaplural.com.br/reinventar#.WDHZJtylzIU

Uma nova história para a nossa gente no rumo certo

Mais uma vez fomos as urnas escolher quem dirigirá nossa cidade por mais quatro anos. Sinceramente, não me sinto muito feliz com as opções que temos. Estamos há tempo nessa situação no Brasil, estamos sempre escolhendo o menos pior. 
Gostaria de deixar claro que é importante participar da política, de olhar à volta e tentar mudar as coisas. 
O debate dessa sexta-feira me fez lamentar muitíssimo pela falta de debate que houve. Muitas acusações, truculências, mas ideias para a cidade foram poucas. Até quando continuaremos fazendo política assim?
A política deveria ser algo prazeroso de se fazer, discutir ideias, trocar informações, construir juntos uma nova história para a nossa gente no rumo certo. 
Infelizmente tenho estado muito descrente na sociedade em que vivemos. Essa semana assisti o vídeo da Ana Júlia na Alep e, sinceramente, lamentei as falas dela, o vitimismo que tem tomado conta da nossa juventude. Há tempos os jovens não encapavam uma luta e quando o fazem brigam por uma reforma que estava há anos, vindos do governo anterior, a disposição para a discussão e se colocam no protagonismo de vítimas e não de sujeitos que deveriam está construindo uma opção de fato.
Eu desde o meu primeiro texto publicado em jornal sou crítico a algumas manifestações, eu tenho medo que lutas vazias enfraqueçam a democracia e abra espaço para uma nova ditadura. 
Em 2013 não se tinha definido o objetivo, esse ano não há uma opção muito clara do movimento estudantil às modificações, principalmente quanto ao Ensino Médio. Lamento muito, sabemos as reivindicações contra o que estão lutando, mas qual é a proposta que eles apresentam? Qual é o Ensino Médio que eles querem? 
As falas que eu vi no Senado Federal e na Câmara de Deputados de quem se opõe a reforma se resumem a “Nós não queremos isso! Não se pode tirar dinheiro da educação e saúde!” e o único que realmente apresentou alguma proposta foi o Molon (REDE-RJ). 
Não sei até que ponto, infelizmente, estamos regredindo a simples politicagem e a oposição pela oposição. Caímos sempre na dicotomia de não ouvir o contrário.
Aquilo que está nos três poderes não é culpa da política e sim da própria sociedade que está dicotomizada e cada vez mais egoísta e vitimada. Tenho insistido nos últimos textos que nos posicionemos a favor do diálogo e da construção independente de quem tiver no poder, a cidade/estado/país/bairro são mais importantes que o nosso ego. Quando compreendermos isso teremos uma democracia madura.
Texto Publicado em 30/10/2016 no na Coluna "Resenha de Domingo": http://www.culturaplural.com.br/uma-nova-historia-para-a-nossa-gente-no-rumo-certo#.WDHYWtylzIU

Temos motivos para Sorrir?

O primeiro vídeo que vi sobre a deliberação referente à ocupação da UEPG e a greve estudantil, a menina que falava, líder da UJS (União da Juventude Socialista), sorria ao informar que estava deliberada em assembleia que o movimento estudantil tomaria partido e faria a greve e a ocupação que se concretizou semana passada.
Um dos maiores críticos ao marxismo ortodoxo, Walter Benjamin, já alertava sobre esse tipo de posicionamento há décadas atrás. Ele dizia que a esquerda perdeu a força por parar de olhar para trás e lutar com raiva para "vingar" os companheiros que sofreram no passado e por passar a lutar sonhando com um futuro azul.
As ocupações e manifestações por todo o estado mostram que as ideias da esquerda não morreram. Será? É louvável a participação ativa dos jovens na política, aplaudo que a juventude tenha atitude e voz, mas infelizmente temo pelo que temos visto atualmente, o desenrolar do movimento falta consistência de ideias. Belchior nos provoca: “no planeta juventude haverá vida inteligente?”.
Espero não estar sendo muito pessimista, mas me parece que a maioria tem se posicionado apenas por modismo e com poucas convicções políticas sobre aquilo que é melhor ou não.
Assistimos ao vivo a desarticularização da APP (Sindicato dos Professores), afinal as escolas que pararam o fizeram pela ocupação estudantil e não pela paralisação dos docentes. As forças políticas que lideram as tensões no município e também no estado e país estão muito longe da sociedade, mesmo a esquerda, não consegue cativar a população comum. Temos uma esquerda basicamente de classe média.
Que esta força e o ímpeto da juventude sejam reflexos de busca por conhecimento também, porque ação sem base é como lata vazia, barulho que não resulta em resultados efetivos.
Ouvi muitas vezes que necessitamos fazer política de uma maneira diferente, mas não tenho visto isso. Infelizmente a ocupação está sendo vista com olhar negativo pela maioria das pessoas que tenho conversado, pelo modo que ela ocorreu. Não há trabalho de base que divulgue ideias e discute-as para que quando estas forem ser postas em prática possa haver base que sustente as ações para que elas sejam as mais efetivas possíveis.
Lutar por direitos, defender a democracia é preciso, é louvável, mas que possamos um dia chegar a fazer isso com o máximo de debate possível.
Há semanas os meus textos vem girando em torno desse problema de não termos mais debates, por nos isolarmos e atacarmos com todo furor o adversário político. Democracia é feita com conversa e com negociações, não essas negativas que se caracterizam crimes, mas negociações sadias que nos possibilitem compreender o lado do outro e chegar a acordos que nos levem a patamares superiores.
Que a luta seja feita de maneira consciente, que a força possa estar nos projetos e não no fígado, que o coração e a paixão possam ser o caminho para buscar uma democracia madura e não simplesmente um fim em si mesmo.
Temos motivos para sorrir? Repensar é preciso, para que o nosso passado recente não se repita e a possibilidade de diálogo não se finalize de vez, precisamos utilizá-la já.

Texto Publicado em 24/10/2016 no na Coluna "Resenha de Domingo": http://www.culturaplural.com.br/temos-motivos-para-sorrir#.WDHXtdylzIV

Nacionalismo, por quê?!

Proclamação da República e Dia da Bandeira, uma semana com dois dias cívicos. Mas para quê serve o civismo? Há motivos para celebrarmos as datas que marcam da história do Estado brasileiro?
Infelizmente vivemos atualmente uma crise profunda de representatividade, não nos vemos nos políticos que deveriam nos representar nas esferas de poder, mas mesmo assim votamos neles. A classe política sofre um novo abalo a cada dia com novas prisões e/ou novas delações. Será que a nossa República está falida?
As datas comemorativas do Estado deveriam ser sim celebradas, mas não apenas com rememorações tradicionais, mas com reflexões sobre aquilo que nós construímos ou deixamos construir na sociedade em que vivemos.
A bandeira nacional é um dos símbolos da nação e atualmente vemos bastante gente se referindo a ela dizendo que ela nunca será vermelha. Será que ela significa tanto assim? Qual o valor que damos a esse símbolo?
Durante a ditadura civil-militar tivemos uma idolatria aos símbolos nacionais, no entanto com a redemocratização parece que houve um interesse de se afastar de todas as práticas que marcavam o regime anterior e isso podemos notar até mesmo nas redes sociais com postagens que rememoram com nostalgia o período em que periodicamente se cantava o hino nacional brasileiro.
Esses símbolos propiciam a criação de identidade nacional e são base de regimes totalitários e nacionalistas. Mesmo que tais símbolos possam ser utilizados para construir governos que se importam de menos com o ser humano, não creio que a solução seja renega-los completamente.
Brexit e Trump mostram que o nacionalismo está com força crescente. Creio que isso seja reflexo do cansaço das pessoas referente ao descaso político com a vida cotidiana. Essa semana Garotinho e Cabral foram presos, a população está exausta de tanta roubalheira e nada de retorno para a vivência das pessoas, parecem não quererem mais governos que se preocupam tanto com o exterior e com conversas entre países e deixarem a desejar dentro da própria casa.
Não podemos nos fechar para o mundo, não podemos nos isolar e fingir que a globalização não existe, mas necessitamos também de cuidar daqueles que contribuem diretamente para a construção e manutenção do nosso próprio Estado.
Creio que o nacionalismo seja necessário, precisamos valorizar o que é nosso, pois é isto que possibilita que lutemos por um país melhor. Mas qualquer extremismo é prejudicial e o diálogo é o mais importante, tanto dentro como fora.
Que em semanas como estas possamos utilizar os símbolos nacionais para lembrar o que nos trouxe até aqui e para refletir sobre aquilo que queremos para o nosso futuro. A ação baseada na reflexão é a força da mudança.

Texto Publicado em 20/11/2016 no na Coluna "Resenha de Domingo": http://www.culturaplural.com.br/nacionalismo-por-que-1#.WDNH2LIrLIU

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Política virou Fla x Flu?!

Sou Flamengo e boa parte da minha infância acompanhei esse time nos campeonatos, torcendo e verificando pontos, tabela de jogos e decorando escalações. Hoje não sei todos os jogadores de cabeça, confesso, mas ainda torço para o rubro negro carioca, mas isso não me faz odiar o Palmeiras que está a nossa frente na tabela do Brasileirão.
Assistindo antigas entrevistas e documentários sobre os clássicos do futebol percebo uma coisa que parece estar distante de nossa vida pública: honra. Ainda hoje a rivalidade, com exceção das brigas de torcida, não sufoca a sinceridade de comentar quem jogou bem ou não, por exemplo.
Classificam a nossa política hoje como Fla x Flu, creio que quem faz essa comparação não vivenciou o que é Fla x Flu e nem acompanha tanto assim futebol. O Fla x Flu do futebol é recheado de rivalidade sim, mas também de congraçamento, nem que seja para tirar uma do amigo na segunda no trabalho ou na escola. Sou carioca e não acompanhei no futebol a polarização que vejo na política.
As redes sociais deveriam servir para ampliar os debates. Infelizmente, ela o deixa ainda mais raso. Não creio que haja muitas pessoas que se oponham a essa afirmação, o problema é que temos tantas pessoas dizendo tantas coisas e vivemos na ânsia de tomar posição sobre tudo, defender ou ofender governos e políticos que não conseguimos refletir, não conseguimos se quer nos inteirarmos dos problemas da nação, apenas opinamos de maneira furiosa e superficial.
Esse é um dos fatores que permitem a fraqueza da nossa democracia. É impossível termos uma democracia madura se nossos debates continuarem se opondo apenas por se opor, com raciocínios curtos e argumentos epidérmicos. Ir além da obviedade é preciso para amadurecermos a vida política do país.
Quando falo em país creio deixar bem claro que isso começa na cidade, cobrando e acompanhando de verdade as atividades dos vereadores e prefeito, não apenas lendo por cima manchetes vazias de jornais altamente influenciáveis pelo próprio poder. Compor uma democracia dá trabalho, tem que ir atrás, pesquisar, ler a respeito, debater. Infelizmente não temos a cultura de buscar e muito menos tempo. O sistema trabalhista, financeiro, político, social, familiar e todos os outros que compõe a nossa sociedade como um todo acabam por nos afundar em uma eterna falta de tempo. Mesmo se o dia tivesse 48 horas ainda seria pouco, ainda estaríamos embrenhados em afazeres e ainda sim não seríamos bons cidadãos, bons políticos, bons parentes e assim por diante.
É preciso responsabilidade e coragem para dizer não, para ir contrário, é preciso ser diferente e está baseado, é preciso que saibamos respeitar o voto contrário e a voz dissonante, não apenas vaiar, mas entender ambos os lados e seus argumentos. É preciso crescer!

Texto Publicado em 16/10/2016 no na Coluna "Resenha de Domingo":  http://www.culturaplural.com.br/politica-virou-fla-x-flu#.WDHWvtylzIU

Por um Brasil grande e de brasileiros ainda maiores

As eleições se passaram, estamos em segundo turno em Ponta Grossa e com a nossa câmara legislativa formada para os próximos quatro anos. Confesso que lamento um pouco o resultado das eleições para vereadores no nosso município. Parlamentares que eu acompanhei os trabalhos, mesmo não concordando com as suas ideias, mas que sempre foram ativos e enriqueceram o debate na casa de leis não conseguiram a reeleição, enquanto outros que nada fazem pela população estarão mais quatro anos empregados.
No texto da semana passada conversamos um pouco sobre esse fenômeno de hipocrisia que vivenciamos na nossa sociedade.  Reclamamos da corrupção e tentamos, muitas vezes, expiar a nossa culpa ofendendo o PT e o governo deposto, mas continuamos vendendo o nosso voto e não tendo a mínima responsabilidade na hora de eleger nossos representantes.
Eu ainda confio na política partidária, entretanto nosso país ainda está muito aquém da responsabilidade necessária para que tenhamos uma democracia madura e frutífera, um governo em que haja verdadeiramente uma participação do povo no cotidiano.
Nossa classe política vem em declínio. Meu interesse por política começou quando comecei a estudar e ver a atuação parlamentar forte que havia no Brasil durante as décadas de 60, 70 e 80. Sim, mesmo durante o período em que tivemos os militares à frente do governo e que foi cerceado o espaço da câmara continuou havendo debate e luta na casa de leis para que esta continuasse representando o povo.
Essa semana, dia 6, foi marcado como dia do nascimento de um dos políticos mais importantes que o Brasil teve: Dr. Ulysses. Pensar no que o líder da constituinte representou para a política nacional é de suma importância para percebermos o quão fraco de líderes estamos, vivemos uma morte das utopias e perdemos o gás por lutar por uma cidade e/ou melhor.
Infelizmente é cada dia mais raro termos pessoas no poder que nos orgulhem e que digamos com todas as letras que nos representam. A política nacional está em declínio e aqui não quero fazer um apelo sentimentalista e moralista, mas quero que tenhamos a OUSADIA de pensar e construir uma sociedade diferente.
Não podemos culpar a população por tudo, mas não podemos inocentá-la também. Que no segundo turno façamos nossas escolhas de modo consciente e com o nosso voto forjado através dos debates e não dos achismos e preconceitos. Que nossas organizações de base tornem a funcionar e que, de uma vez por todas, amadureçamos politicamente para que o Brasil possa ser grande e que os brasileiros sejam ainda maiores. 

Texto Publicado em 02/10/2016 no na Coluna "Resenha de Domingo":  http://www.culturaplural.com.br/por-um-brasil-grande-e-de-brasileiros-ainda-maiores#.WCoOQS0rLIU

“Se tem coisa que não presta é o tal do eleitor”

Hoje é dia de eleição, prefeito e vereadores estão por ser escolhidos e em uma campanha bastante diversificada, aonde a poluição visual que sempre marcou os períodos eleitorais não esteve presente, aonde as empresas não puderam fazer doações, em que tivemos apenas 45 dias de campanha. Ou seja, tinha tudo para ser uma eleição completamente diferente.
Infelizmente o que pude notar, por trás dos bastidores de uma campanha, foi a continuidade de pedidos e mais pedidos, talões, cestas básicas, jogo de camisas, etc. Continuamos com uma sociedade corrupta. Não sei até quando ainda acreditaremos que as leis mudam a sociedade, alteram a cultura política.
O conjunto de leis deveria apenas refletir as discussões que vem se estabelecendo na sociedade. A base da política é a sociedade, mas parece que de maneira geral ainda não compreendemos isso. Infelizmente seguimos nos mesmos erros clássicos da política nacional de acreditar que podemos modificar a realidade social de cima para baixo, infelizmente.
Hoje é dia de eleição, será que enfim será dia de modificar a realidade de nossa cidade? É importante que tenhamos a consciência que a política suja e corrupta é simplesmente espelho daquilo que somos como sociedade. Acompanhei a dificuldade enorme do político de explicar para os cidadãos que é muito pouco um talão de luz frente aquilo que um vereador pode oferecer àquela pessoa, que é passageira a ajuda em uma conta, mas que um mandato bem cumprido pode modificar profundamente a vida das pessoas.
Conversando com um colega da cidade de Castro, ele também se lamentou da situação política que nossas cidades vêm passando. A campanha que ele integra é pequena e sem grande capital, mas com boas propostas. Parece que isso não é o suficiente para convencer os eleitores. Eles preferem continuar votando em corruptos que compram votos e, inclusive, já foram condenados pela justiça.
Aqui em Ponta Grossa, também vemos isso claramente, políticos que estão liderando pesquisas e não tem o mínimo de respeito pela sociedade que deveriam representar.
“Se tem coisa que não presta é o tal do eleitor”, já dizia Dicró!
Há quem possa dizer que este texto tenta eximir os políticos de suas responsabilidades, mas não é essa a intenção. Apenas quero que possamos parar por um minuto e assumir as NOSSAS responsabilidades, que possamos debater com maturidade e sem o que chamamos de mimimi. Precisamos de uma democracia madura, que saiba debater, que saiba ser mais do que troca de favores, que possa ser reflexão, paixão pela sociedade que vivemos e que, com certeza, quando isto estiver entranhado na nossa sociedade estará também na política.

Texto Publicado em 02/10/2016 no na Coluna "Resenha de Domingo":http://www.culturaplural.com.br/201cse-tem-coisa-que-nao-presta-e-o-tal-do-eleitor201d#.WCoM8y0rLIU

Violência: esquerda ou direita?

Esses dias no ônibus ouvi que somos nós que votamos e os políticos que recebem. Não deixa de ser verdade, mas creio ser um pouco de hipocrisia da parte da sociedade de encarar a classe política com tal descrença, afinal somos nós que elegemos, somos nós que pedimos dinheiro para contas de luz, nos vendemos por cesta básica e assim por diante.
Eu sinto muito em chegar à conclusão de que a cada dia mais as pessoas estão mais hipócritas. Ouvi pessoas dizendo que faz muito mais que o patrão, fisicamente e cronologicamente, e recebe menos, mas essa mesma pessoa acredita que professores devem se aposentar mais cedo, ou seja, defende privilégios.
Foi construído um estereótipo da direita e da esquerda que impossibilitam o debate a sério das posições políticas. O senso comum, por vezes com diplomas da universidade, acredita em uma direita carrasco de direitos trabalhista e uma esquerda democrática e livre; coloca como direita todos que vão contra as suas posições. Essas simplificações empobrecem o debate que é tão caro à democracia.
Enquanto a esquerda demoniza a direita e a coloca como a maldade personificada, colocando o patrão em extremo oposto ao empregado, considerando o proletário como vítima de uma teia social e o capitalista como o mentor de todas as crueldades que há no mundo; e a direita coloca a esquerda como ditatorial e corrupta, fazendo questão de ressaltar as atrocidades ocorridas em países de regime socialista ou comunista, permaneceremos numa superficialidade epidérmica.
A cada dia que passa se torna mais complicado tomar posição sobre determinadas situações na sociedade. Focault é um dos principais pensadores que evidencia essa violência feroz que os discursos exercem sobre os sujeitos dentro da sociedade. Há quem se admita de esquerda por dizer que não concorda com as ideias de direita, por acreditarem nesse discurso raso de que ser conservador ou liberal é ser desumano; por outro lado há quem se admita de direita rechaçando as crueldades que foram cometidas pelas ditaduras de esquerda.
Ambos os discursos infligem forte pressão sobre os sujeitos e nos vemos, dependendo da instituição a que pertencemos, sob coerção de aceitar um e rejeitar outro sem o mínimo de questionamento.
O Brasil só terá de fato uma democracia madura quando aprender a desconstruir essas amarras e cada indivíduo tomar firme posição sobre o que pensa. Só seremos maduros quando nossas discussões compreenderem que esquerda e direita não dão conta da complexidade política que vivenciamos no nosso cotidiano. 

Texto Publicado em 25/09/2016 no na Coluna "Resenha de Domingo": http://www.culturaplural.com.br/violencia-esquerda-ou-direita#.WCoKhi0rLIU

Educação e sua estrutura

Durante a história da escola e da educação em si muitas tendências estiveram em voga e por vezes focaram o professor, depois o aluno, variando também o centro entre o conteúdo final ou o método utilizado. O que é plenamente questionável é se o professor está preparado para utilizar esses saberes que há tempos vem se modificando e inovando. Infelizmente tem-se dentro de salas de aulas profissionais que acham fútil a compreensão da dinâmica do ensino/aprendizagem e por consequência os mesmos se veem perdidos no que estão a fazer e não conseguem objetivar de fato aonde devem chegar com o seu aluno.
A escola ainda hoje é vista, e muita propaganda é feita sobre esta face dela, como meio de democratizar, de ofertar uma vida melhor ao indivíduo, fazer com que ele alcance o que seus pais não conseguiram, possam crescer dentro da sociedade. Infelizmente o que se encontra dentro dos limites escolares é exatamente o avesso, embora a maioria dos profissionais que ali estão não o percebam, já que julgam a dinâmica dos métodos fúteis. O estudante se torna completamente dependente, mecanizado e adestrado, estando ali somente por obrigação e fazendo tudo em troca de um agrado, nota, não sendo capaz de julgar para si o valor do processo educativo, de saber fazer suas próprias escolhas, pois não é lhe dado chance alguma de aprender, e se perde dentro da metodologia vaga que lhe é impressa por professores que estão descomprometidos com a arte de ensinar e com o dever de formar cidadãos.
Além do despreparo e o descaso dos professores, se vê uma instituição falida, submersa no mundo da politicagem, que ao invés de buscar o melhor para o aluno trabalha diariamente em prol de uma propaganda política para um governo, para gerar índices, não por qualidade, mas como se fosse o relatório positivo de uma empresa. Enquanto a escola, que já tem uma estrutura atrasada, estiver sob a guarida de políticos não se poderá realmente fazer muito. Enquanto as instâncias de ensino não forem autárquicas em si não haverá liberdade. Sem a mesma é impossível explorar o máximo da comunidade onde a escola está inserida, afinal cada uma tem a sua peculiaridade e esse tão antigo costume de fazer cópia de modelos, que o Brasil está mais do que acostumado, não funciona justamente por não respeitá-las.
A estrutura física é outra que invés de levar o educando a liberdade o aprisiona. Não há muita diferença da maioria das escolas e presídios, a noção é a mesma, regras semelhantes, inclusive com direito a banho de sol (recreio), muros superprotegidos, horários rígidos. Embora a disciplina seja importante, os educadores, a maioria sem nem saber o porquê, impõe tais leis que deseducam e alienam os estudantes de suas responsabilidades, uma vez que elas são tidas como um fim próprio em si e não como processo de conscientização e educação. 
Enquanto a escola não tomar postura de liberdade e existirem profissionais comprometidos com aquilo que escolheram para si, os alunos continuarão odiando está dentro de seus muros e o farão simplesmente por obrigação, isto sendo límpido a olhos nus no momento que o sinal soa para o fim da aula e os estudantes saem de maneira desesperada de encontro à liberdade. É preciso que o processo educacional como um todo não seja simplesmente o preparatório do jovem para a sociedade, mas seja a própria sociedade do jovem. A liberdade só é ensinada com liberdade, do contrário o condicionamento gerará cidadãos alienados de todas as suas responsabilidades frente ao meio em que vivem. 

Texto Publicado em 18/09/2016 no na Coluna "Resenha de Domingo":http://www.culturaplural.com.br/educacao-e-sua-estrutura#.WCoHcC0rLIU